segunda-feira, 26 de julho de 2010

LÍNGUA BRASILEIRA

Nossa Língua BRASILEIRA

LÍNGUA, escrava do Português, modificada por estado, variações todo ano e por toda idade, concebeu do Latim na Lapa, - prostituída, cafetina, chula nos dedos dos Italianos, valorizada, até ganhou uma aliança, empenhada e os dentes em petição de miséria.
Mas vem a GT pra tirar essa Língua da Miséria. Ah! Que caso de língua, instalou-a num sobrado no Santo Inácio, pagou médico, dentista, manicura... Dava tudo quanto ela queria.
Quando a Língua se apanhou de boca bonita, arranjou logo um macho! O Português!O brasileiro não queria escândalo. Podia dar uma surra, um tiro, uma facada. Não fez nada disso:
Aceitou a reforma em casa.Vivera anos assim.
Toda vez que a Gíria arranjava uma nova linguada, a Mardita mudava de casa.Os amantes moraram em Esplanada, Roraima, Caitité, Rios das Pedras, Alagoinhas, Ribeira,Bom Jesus da Lapa, Morro do Chapéu, Rua do Quiriris, Niterói, Jeremuabo, João Pessoa, outra vez no Santo Inácio, Todos os Santos, São Paulo, Boca do Rio, Londrina, Boca da Mata, Inválidos...
Por fim na Rua da Compreensão, onde os brasileiros, privados de sentidos e de inteligência, mataram-na com a Literatura, e as outras línguas foram encontrá-la caída em decúbito variacional, vestida de doméstica, ás vezes de terno unificado, comeu até adevogado, respeitado de Norte ao sul.


LÍNGUA BRASILEIRA UM CASO DE AMOR
JILVAN BATISTA

VOCÊ SABE LÊ?

LER QUANDO SE SABE *JILVAN BATISTA


Você sabe ler?
Sei! Depende do quê
Ler o quê?
O que já foi lido?
Me poupe!
Se tudo que leio alguém já leu
E se não leu, eu não ligo
A leitura só é boa assim
Se estiver Assis, Lispector, Leminski
Às vezes tem até pai
Mas quando leio me sinto corrompido
Pode ser Bandeira, Drummond, Pessoa,
Neruda, Quintana ou Vinícius
O que fazer se o pai tiver morrido?
Fico em cima do muro digo que já li
Mesmo que não tenha lido
Tem gente lendo atrás do muro
Mas foi assim que li Casmurro
Porque de Dom não tinha nada
Nem Escobar na parada
Capitu adultério ou adulterada?
Sei lá, na hipótese chamai-vos Mário
Machado pode até ressuscitar
Mas morrerá de medo ao ver Alencar
Coragem até me faltaria
Pra escrever uma boa biografia sua
Que ainda reserva mistério na vossa Literatura



JILVAN BATISTA

Diálogo morfológico do Português
Quem sou eu?

I-Eu sou o cara! Eu que dou nome a tudo e até posso variar: sou macho, sou mulher, sou único, sou vários, sou vasto, viu?Aumento e diminuo. Ah, antes que me esqueça, depois de tanta pluralidade, sou comum, sou particular, por isso sou número,me ligue,serei seu singular!

II- Tu tiras muita onda não é cara? Precedo antes do teu nome, posso até não ser obrigatório se o uso for diante da maioria dos caras, quando aparece um tal de Zé determinante posso ser substituído num só instante. Mas sem mim tu nem sabes o que tu és não sabes se homem ou se és mulher.

Que nada Mané, sem mim tu não passas de uma vogal, se muito chegar é um numeral!

III- Que nada bicho feio, comigo tu ficas no meio! Sou gênero, sou número, sou pessoa, te acompanho ou represento numa boa, posso te servir para te apontar uma das três pessoas, te discursar ou situar no espaço e no tempo, portanto o cara sou eu,lamento!

IV- Isso mesmo meu amigo! Esse cara tira onda, mas sem mim não tem prestígio. Tenho qualidade, defeito, origem, estado do ser. Sou comparativo, superlativo, absoluto, relativo ou analítico. Sou ótimo, erudito; boníssimo, popular se tu falas que ele tem que ficar “Mais bom”? Rapaz eu grito, Alto lá, ele tem que Melhorar!

V -È, mas se tem alguém aqui dono de coisa sou eu! Sou dono das tuas ações, sou governador dos estados, eu sou fenômeno natural, mas numa forma posso ser constituído por desinência,se tema,sou radical e sou vogal, não me leva a mal!

VI- Êpa, êpa! Mas não tire muita onda também querendo ganhar no grito,te Modifico , acrescento-lhe determinadas circunstâncias de tempo, de modo, de intensidade, de lugar, por isso sou invariável, ás vezes redundante, aqui eu sou bonito!

VII- Rapaz é bom parar com esse papo de autovaliação!Sou eu que quantifico, determino um número exato referente aos seres ou objetos aos quais se referem numa enunciação, portanto deixa de disso, vocês estão todos na minha mão.

VIII- Cheguei e vou acabar com essa zona num instante. Sou gostosa, dona emoções, dona das sensações, dos estados de espírito, aquela que procura agir sobre o interlocutor, levando-o a adotar certo comportamento. Agora, me diz,sou ou não sou provocante?

IX- Gostosa aqui sou eu! Sou invariável ligo logo é dois termos! Tornando os semelhantes em uma mesma oração. Mas, se espalhar: Junto simultaneamente as partes de um todo. Sou coordenadora e subordinadora.

X- Gostosa?! Sai pra lá sua subordinadora, coordenada sindética! A gostosa, invariável, ligadora de duas outras aqui sou eu. Não tenho duas caras, suborno uma à outra, mas deixo claro na minha locução. Não sou como você, sua conjuntiva. Comigo se tem acordo, combinação e até contração.

Jilvan Batista.


Respostas:

I- SUBSTANTIVO
II- ARTIGO- SUBSTANTIVO
III- PRONOME
IV- ADJETIVO
V- VERBO
VI- ADVÉRBIO
VII- NUMERAL
VIII- INTERJEIÇÃO
IX- CONJUNÇÃO
X- PREPOSIÇÃO